A polêmica da
semana ficou por conta dos “incendiários” petistas Merlong Solano e Assis
Carvalho. Pois é, segundo a imprensa local eles “tocaram fogo” na transição de
governo. O deputado Merlong Solano (PT) protocolou na Assembleia
Legislativa pedido de intervenção no Estado, baseado no
descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) pela administração do
governo Zé Filho.
Merlong integra a equipe de
transição do governador Wellington Dias (PT), que está preparando um
relatório com base nos indicadores obtidos da gestão atual. As denúncias
do deputado e sua equipe é que a situação financeira do
Estado é calamitosa e que o governo além de omitir a real situação, faz
manobras para deixar as dívidas para o próximo gestor. Em tempo: Merlong
era secretário de estado até outro dia.
Reforçando essa denúncia entrou o deputado federal Assis Carvalho (PT)
que disse no popular: “o estado está quebrado!”. Em sua denúncia os parlamentares esquecem de explicar
porque o PT defendeu a candidatura de Wilson Martins (considerado um 'irmão'
para Wellington Dias) e Zé Filho em 2010? Não falam também que vários
companheiros fizeram parte do atual governo, inclusive Merlong como Secretário
das Cidades até dezembro de 2013, dentre outros cargos e benesses ao longo
desta gestão 2011-2014.
Afirmar que o Piauí tem dificuldades é visível. Desde tempos imemoriais que se ouve falar em corrupção, saúde precária, educação de péssima qualidade, falta de segurança, dependência de transferências federais, falta de obras estruturantes, uso da máquina para favorecimento de uns poucos, etc. Porém é uma covardia atribuir isso a um governo ou a uma pessoa. Desejável era saber o que se esconde atrás disso!
O deputado estadual Robert Rios (PDT) alerta “A intervenção é a primeira porta que se abre para a
corrupção. (...)”, fazendo referência que o
que está por trás da denúncia é a possibilidade de realizar obras e
contratações sem licitação no início do próximo governo. Pontifica o deputado: “Quando
se faz intervenção numa área, não se faz mais licitação, nós não vamos aceitar
isso em nenhuma área, se isso acontecer, vamos buscar o poder judiciário se for
necessário”.
Os problemas do estado não estão ligados somente ao
desempenho do Executivo como quer agora atribuir o PT. Será que os deputados
estaduais e a bancada federal poderiam contribuir com o desenvolvimento do
nosso estado? Qual a contribuição deles para tirar-nos dessa situação
calamitosa?
Na atual legislatura
em nível federal só o PT conta com o senador Wellington Dias e os deputados
Assis Carvalho e Jesus Rodrigues, pergunta-se: o que esses homens fizeram para
tirar-nos do atraso histórico? Lembrando que contamos com a “sorte” de ter um
petista na Presidência da República há 12 anos.
Falta ao PT é parar de fazer-se de vítima das circunstâncias.
Humildade e retidão não é tarefa fácil para alguns companheiros, mas é
possível, reconhecer que o problema do Piauí foi e é o modelo de gestão. Tivemos
sucessivas gestões ruins. Lembrar que, nos últimos 11 anos, o Partido dos
Trabalhadores esteve à frente dos destinos do nosso estado: Wellington governou
o Piauí de janeiro de 2003 a
abril de 2010 quando saiu para candidatar-se ao senado, deixando o seu vice
Wilson Martins que governou até abril de 2014.
O PT teve grande influência neste governo, ocupando pastas
importantes na gestão. Por isso mesmo alguém precisa lembrar aos deputados
Merlong e Assis que não se deve apontar o dedo para incriminar Wilson Martins e
nem Zé Filho, afinal foi Wellington Dias que escolheu aquele que iria dar
continuidade a seu governo. Ele bradava de norte a sul que “Wilson vai dar
continuidade a meu projeto...”.
Culpar o governo atual pela situação financeira caótica é
tão-somente um mecanismo que se encontrou para tentar esconder algo que é
grande demais para caber em um elenco já reduzido das desculpas esfarrapadas de
sempre. Esta é uma especialidade do PT.
Quem bem definiu isso nos
últimos dias foi o jornalista Arimatéia Azevedo: “No Brasil o gestor que assume
cargo de um aliado termina assumindo também toda a responsabilidade pelos atos
praticados na gestão passada. Se é aliado e foi bom, ele elogia. Se é aliado e
foi ruim, ele esconde a real situação da gestão que recebeu por conta da questão
política”. Pratica assim a responsabilidade solidária, quando muito queixa-se
aos mais próximos. Mas, em se tratando de o governo ser passado para o
adversário, a situação se inverte. Tenta-se “queimar” o derrotado usando todo
tipo de “combustível”.
É o que se vê agora no Piauí. Há
dias figuras impolutas do PT defendendo a intervenção.
Quebradeira, como escandaliza e quer fazer crer o PT, é uma
coisa que deve ser vista com desconfiança. Afinal não se quebra um estado em
sete meses. E aí, quem quebrou o Piauí?
(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor,
cidadão e contribuinte parnaibano.