quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Não se quebra um estado em sete meses, quem quebrou o Piauí?! (*)

                      A polêmica da semana ficou por conta dos “incendiários” petistas Merlong Solano e Assis Carvalho. Pois é, segundo a imprensa local eles “tocaram fogo” na transição de governo. O deputado Merlong Solano (PT) protocolou  na Assembleia Legislativa pedido de  intervenção  no Estado, baseado no descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) pela administração do governo Zé  Filho. 
Merlong integra a equipe de transição do governador  Wellington Dias (PT), que está preparando um relatório com base nos indicadores obtidos da gestão atual. As denúncias do deputado  e sua equipe é que  a situação financeira do Estado  é calamitosa e que o governo além de omitir a real situação, faz manobras para deixar as dívidas para o próximo  gestor. Em tempo: Merlong era secretário de estado até outro dia.
Reforçando essa denúncia entrou o deputado federal Assis Carvalho (PT) que disse no popular: “o estado está quebrado!”. Em sua denúncia os parlamentares esquecem de explicar porque o PT defendeu a candidatura de Wilson Martins (considerado um 'irmão' para Wellington Dias) e Zé Filho em 2010? Não falam também que vários companheiros fizeram parte do atual governo, inclusive Merlong como Secretário das Cidades até dezembro de 2013, dentre outros cargos e benesses ao longo desta gestão 2011-2014.
Afirmar que o Piauí tem dificuldades é visível. Desde tempos imemoriais que se ouve falar em corrupção, saúde precária, educação de péssima qualidade, falta de segurança, dependência de transferências federais, falta de obras estruturantes, uso da máquina para favorecimento de uns poucos, etc. Porém é uma covardia atribuir isso a um governo ou a uma pessoa. Desejável era saber o que se esconde atrás disso! 
O deputado estadual Robert Rios (PDT) alerta “A intervenção é a primeira porta que se abre para a corrupção. (...)”, fazendo referência que o que está por trás da denúncia é a possibilidade de realizar obras e contratações sem licitação no início do próximo governo. Pontifica o deputado: “Quando se faz intervenção numa área, não se faz mais licitação, nós não vamos aceitar isso em nenhuma área, se isso acontecer, vamos buscar o poder judiciário se for necessário”.
Os problemas do estado não estão ligados somente ao desempenho do Executivo como quer agora atribuir o PT. Será que os deputados estaduais e a bancada federal poderiam contribuir com o desenvolvimento do nosso estado? Qual a contribuição deles para tirar-nos dessa situação calamitosa?
 Na atual legislatura em nível federal só o PT conta com o senador Wellington Dias e os deputados Assis Carvalho e Jesus Rodrigues, pergunta-se: o que esses homens fizeram para tirar-nos do atraso histórico? Lembrando que contamos com a “sorte” de ter um petista na Presidência da República há 12 anos.
Falta ao PT é parar de fazer-se de vítima das circunstâncias. Humildade e retidão não é tarefa fácil para alguns companheiros, mas é possível, reconhecer que o problema do Piauí foi e é o modelo de gestão. Tivemos sucessivas gestões ruins. Lembrar que, nos últimos 11 anos, o Partido dos Trabalhadores esteve à frente dos destinos do nosso estado: Wellington governou o Piauí de janeiro de 2003 a abril de 2010 quando saiu para candidatar-se ao senado, deixando o seu vice Wilson Martins que governou até abril de 2014.
O PT teve grande influência neste governo, ocupando pastas importantes na gestão. Por isso mesmo alguém precisa lembrar aos deputados Merlong e Assis que não se deve apontar o dedo para incriminar Wilson Martins e nem Zé Filho, afinal foi Wellington Dias que escolheu aquele que iria dar continuidade a seu governo. Ele bradava de norte a sul que “Wilson vai dar continuidade a meu projeto...”.
Culpar o governo atual pela situação financeira caótica é tão-somente um mecanismo que se encontrou para tentar esconder algo que é grande demais para caber em um elenco já reduzido das desculpas esfarrapadas de sempre. Esta é uma especialidade do PT.
Quem bem definiu isso nos últimos dias foi o jornalista Arimatéia Azevedo: “No Brasil o gestor que assume cargo de um aliado termina assumindo também toda a responsabilidade pelos atos praticados na gestão passada. Se é aliado e foi bom, ele elogia. Se é aliado e foi ruim, ele esconde a real situação da gestão que recebeu por conta da questão política”. Pratica assim a responsabilidade solidária, quando muito queixa-se aos mais próximos. Mas, em se tratando de o governo ser passado para o adversário, a situação se inverte. Tenta-se “queimar” o derrotado usando todo tipo de “combustível”.
É o que se vê agora no Piauí. Há dias figuras impolutas do PT defendendo a intervenção.
Quebradeira, como escandaliza e quer fazer crer o PT, é uma coisa que deve ser vista com desconfiança. Afinal não se quebra um estado em sete meses. E aí, quem quebrou o Piauí?


 (*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.